Apocalipse 3:1-6
Como a
igreja foi sofrendo queda progressiva, desde as obras dos Nicolaítas no período
apostólico até o domínio da profetiza Jezabel no sistema Católico Romano, Deus
não pode mais tolerar tais coisas. Consequentemente vem Sardes. Sardes
significa “restauração” no grego. Sardes foi a reação de Deus a Tiatira. A
história dos reavivamento é a história das reações divinas. Toda vez que Deus
começa a realizar uma obra de reavivamento, Ele está reagindo contra o estado
atual das coisas. Ora, a reação de Deus é a recuperação do homem.
3.1 – “Estas cousas diz aquele que tem os sete espíritos de
Deus, e as sete estrelas”. – Em Éfeso o Senhor conserva na mão direita as sete
estrelas, em Sardes Ele tem as sete estrelas. Éfeso é a deteriorização da época
apostólica, enquanto Sardes é a recuperação de Tiatira. Em Éfeso encontramos
obras sem amor, e em Sardes, nome sem vida. Portanto estas duas formam um par.
Os sete espíritos são enviados por Deus ao mundo para
realizar as obras de vida. Em Éfeso as sete estrelas apontam para os
mensageiros, mas aqui elas significam iluminação. A obra de reavivamento é
feita em parte no Espírito e em parte pela luz recebida. Portanto podemos dizer
que Sardes representa a história da Igreja Protestante desde a Reforma até o
retorno do Senhor.
“Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás
morto”. – Ninguém nunca terá qualquer dúvida de que Lutero era um servo de
Deus; nem duvidará da Reforma como sendo uma peça magnificente da obra de Deus,
uma reação divina. Quando Lutero começou a sua obra de reforma, isso era
Sardes. A sua motivação foi totalmente pela restauração.
3:2 – “Sê vigilante, e consolida o resto que estava para
morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus”.
– O Senhor não diz que a obra não é íntegra ou perfeita, tendo tudo um ótimo
começo, porém sem conclusão. Sendo o Senhor perfeito como Ele é, demanda sempre
a perfeição.
Com a Reforma nós tivemos a justificação pela fé restaurada,
bem como a Bíblia aberta; mas no que tange à igreja, a Reforma até hoje ainda
imita Roma, em vez de retornar à condição da igreja primitiva. Isto é história.
A Reforma deixa a questão da igreja sem resolução. O próprio Lutero não
considerou a justificação pela fé como sendo suficiente para se fazer uma
Reforma completa, pois havia coisas concernentes à igreja que forma deixadas
para outros lidarem com elas. Portanto, nós estacamos. Embora tenhamos
retornado a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos até agora não tem
havido mudanças formidáveis na condição da igreja. As igrejas na Reforma
tornaram-se unidas a várias nações. Assim como Tiatira está casada com o mundo,
da mesma forma Sardes também está unida às diferentes nações.
No século dezoito começou a história dos dissidentes.
Daqueles que não queriam seguir as linhas nacionais utilizadas no lugar da
doutrina, como sendo suas linhas de demarcação.
“Tendes nome de que vives, e estás morto. Sê vigilante, e
consolida o resto que estava para morrer”. – Isto se refere à justificação pela
fé e a Bíblia aberta para todos. Durante toda a história de Sardes, essas
coisas parecem estar se extinguindo, e o Senhor no entanto exorta aos crentes
para estabelecerem as coisas que ainda restam.
3:3 – “Lembra-te, pois, de como tens recebido e ouvido,
guarda-o, e arrepende-te”. – A história do Protestantismo é uma história de reavivamento.
Hoje o Protestantismo se comporta como se fosse um cálice. Sempre que há
bênçãos de Deus, as pessoas se organizam a fim de contê-las. Enquanto a bênção
de Deus ainda estiver ali, ela será mantida. Durante a primeira geração, o
cálice está cheio; com a segunda geração, no entanto, está apenas cheio pela
metade, e assim a mensagem se torna menos clara; e lá terceira ou quinta
geração, não há mais água mas somente o cálice permanece. As pessoas então
começam a discutir acerca de qual cálice é o melhor, embora ninguém possa obter
qualquer coisa para beber. E o resultado: Deus responde com outra reação, e
assim uma outra Sardes nasce.
O homem sempre tenta organizar as coisas para preservar a
graça de Deus. Ora, o cálice feito pelo homem nunca será quebrado porque nunca
faltarão pessoas que se esforçarão para manter esta situação. Portanto, a
história inteira é uma história de reavivamento. Por um lado há reavivamento,
pelo qual somos gratos a Deus; e por outro lado, nestes reavivamento o homem
nunca torna ao princípio; e consequentemente nós cristãos somos repreendido por
Deus. Os servos de Deus têm um problema, eles têm grande dificuldade em
distinguir entre o que é água viva e o que é um cálice vazio. E assim, de cada
cálice antigo há sempre o surgimento de algum cálice novo. O Protestantismo,
portanto, está sempre experimentando reavivamento, ainda assim o Senhor declara
que é imperfeito. Está quase perfeito, mas não totalmente, uma vez que ele
nunca tem retornado ao início.
“Lembra-te, pois, de como tens recebido e ouvido” – A questão
não é de como receber e ouvir agora, mas antes de como as coisas foram recebidas
e ouvidas então. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no
partir do pão e nas orações” (Atos 2:42). Nós não podemos inventar uma
comunhão. A comunhão dos apóstolos é a comunhão de Cristo. Se for ensinamento
dos apóstolos, na verdade é o ensinamento de Cristo. O erro da igreja em
Tiatira foi o de ter criado o seu próprio ensinamento. Até aqui Deus não nos
tem encarregado de inventar, apenas de receber. Durante os últimos 20 séculos
tudo tem podido ser inventado, exceto a verdade. Nós podemos descobrir a
verdade no nosso espírito, mas nunca podemos inventar qualquer verdade no nosso
espírito, mas nunca podemos inventar qualquer verdade.
“Virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora
virei contra ti” – No grego a palavra traduzida como contra é epi – que significa
vir até você, mas sem que se saiba. A vindo do Senhor será assim. Muito irmãos
do passado observaram corretamente que o ladrão vem para roubar o que há de
melhor. Assim também ocorrerá com o Senhor, roubará o que há de melhor na
terra. Apenas o melhor estará em Suas mãos. “Um será tomado, e deixado o outro”
(Mt 24:40). Sendo assim Ele diz: “Se não vigiardes, virei como ladrão” (3:3).
3:4 – “Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não
contaminaram as suas vestiduras, e andarão de branco junto comigo, pois são
dignas”. – O Senhor dá atenção especial aos nossos nomes. Quando estamos diante
de Deus, estamos vestidos de Cristo, porque Ele é a nossa vestidura branca. Mas
quando estamos diante de Cristo no Seu tribunal, necessitamos de estar vestidos
também de “linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são
os atos de justiça dos santos” (19:8 Darby). Os atos de justiça estão no
plural.
3:5 – “O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e
de modo nenhum apagarei o seu nome do livro da vida; pelo contrário, confessarei
o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos”. – Aqui não é uma questão
de ter um nome escrito, mas sim uma questão de ter um nome confessado. No tempo
da ressurreição os anjos também estarão presentes. É aquele a quem o Senhor confessar
terá parte no reino, mas aquele cujo nome não é reconhecido pelo Senhor, não
terá porção no reino. Ora, isso não é uma questão de eternidade, é uma questão
de reinar com Cristo. Quão patético será ter o nome escrito no livro da vida,
todavia não confessado pelo Senhor!
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